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Aspectos Dinâmicos da Postura

Updated: Jun 7, 2022


“Quando o seu centro de gravidade é mantido na posição mais alta possível, o corpo humano está apto para se mover em qualquer direção com praticamente nenhum gasto de energia, e mesmo esse mínimo é extraído da sua energia potencial.”

— Moshe Feldenkrais


Cada um de nós tem uma maneira característica de ficar em pé, sentar ou andar que faz com que outras pessoas nos reconheçam de relance, às vezes, a uma distância considerável, apenas pela nossa atitude corporal. Curiosamente, tudo o que está envolvido em manter o corpo ereto contra a força da gravidade, é organizado por uma parte instintiva e mais antiga do nosso sistema nervoso. Isso está relacionado com a evolução da espécie humana e não precisa da participação da nossa mente consciente.

No entanto, em comparação com outras espécies, a postura humana não é simples de ser alcançada e requer um longo período de aprendizagem. A capacidade de aprender por meio de experiências individuais na história pessoal de cada um, resulta numa enorme diversidade, na maneira como os humanos fazem uso de si próprios no campo da gravidade. Nunca podemos dissociar a postura de uma pessoa da situação, do seu estado emocional e do seu nível de maturidade.


Enquanto, as raízes da palavra postura sugerem uma ideia bastante estática, Feldenkrais considera “a postura aquela parte da trajetória de um corpo em movimento a partir da qual qualquer deslocamento, necessariamente, começará e terminará”. Fazer uso de si próprio significa deslocar-se e, para que isso seja possível, é preciso mudar as configurações do corpo no espaço. Entre esses deslocamentos há sempre momentos de relativa imobilidade, que chamamos de postura.

O centro de massa nos humanos está localizado tão alto no corpo, que o nosso sistema nervoso e o nosso sistema músculo-esquelético evoluíram juntos no campo gravitacional num estado de equilíbrio dinâmico. Desta forma, o cérebro trabalha constantemente não para manter o equilíbrio, mas para recuperá-lo. Assim, é mais difícil ficar-se parado do que se mover. Feldenkrais argumenta que uma palavra melhor para definir o estado dinâmico de equilíbrio instável, que a estrutura humana permite, seria “actura” – e uma boa “actura” seria a capacidade de se mover em qualquer direção com a mesma facilidade, sem hesitação ou preparação e com o mínimo de trabalho, ou seja, com a máxima eficiência.

“O corpo humano normalmente armazena em si energia potencial para iniciar, no campo gravitacional, quaisquer cinco dos seis movimentos cardinais no espaço. Para se mover para baixo, para a direita, para a esquerda, para a frente e para trás, basta soltar, pois a energia foi armazenada ao subir e será transformada em energia cinética ao tirar os travões, por assim dizer.”


Esse uso eficiente de energia só é possível, quando as reações automáticas do corpo à força da gravidade, governadas pelas partes mais antigas do nosso sistema nervoso, não entram em conflito com o nosso controle voluntário. Dizemos controle voluntário mas, na maioria das vezes, nem temos consciência de todos os esforços desnecessários, habitualmente presentes nas ações que realizamos. A menos que aprendamos a reconhecer esses esforços supérfluos, tão interligados com as nossas atitudes emocionais e existenciais, estaremos impedindo que as partes mais antigas do nosso sistema nervoso “encontrem para nós a melhor posição possível compatível com a nossa herdada, estrutura física individual”.


O nosso cérebro incorporado está em constante evolução para lidar com um ambiente em constante mudança, e é isso que nos torna tão adaptáveis, porque o corpo, o cérebro e o ambiente são inseparáveis ​​e, constantemente, se ajustam e moldam mutuamente. Portanto, não existe um cérebro ideal e, consequentemente, também não pode haver uma postura ideal ou perfeita. - “A postura só pode ser melhorada e não corrigida”.



Obrigada pela tua atenção. Espero encontrar-te na próxima aula.

Calorosamente,

Sofia


Referências:

FELDENKRAIS, Moshe, “Body and Mature Behaviour”, 1949

FELDENKRAIS, Moshe, “ Awareness Through Movement”, 1972

FELDENKRAIS, Moshe, “The Elusive Obvious”, 1981




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